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domingo, 17 de janeiro de 2016

O que é Teologia e quem a pode realizar?

Por Jânsen Leiros Jr.

Revisado e ampliado em 14/04/2024

            Anteriormente, discutimos o prazer no labor teológico e a realização que ele traz a todos que o desempenham com alegria e satisfação; como em tudo na vida. Alegria é, de fato, um motor necessário para bons resultados. Mas qual é a intenção por trás desse labor teológico? O que exatamente é teologia e quais são seus objetivos? Ela é considerada uma ciência[1]? E, em caso afirmativo, que tipo de ciência seria? O fascínio que o conhecimento de Deus exerce sobre grande parte da população mundial nos motiva a nos aprofundarmos nessa direção, buscando fornecer alguma compreensão que seja, se não verdadeira, ao menos pertinente. Talvez possamos encontrar respostas, ainda que tateando[2].

Mas afinal, o que é mesmo teologia?

Qualquer dicionário teológico-filosófico[3] é capaz de nos elucidar essa questão, desde que, mesmo com um esforço mínimo, se comprometa a esclarecer as várias nuances do tema, que vão desde o significado do termo e sua origem até as diferentes atribuições e contextos históricos pelos quais passou, seja influenciando ou sendo influenciado.

Originada do grego e assim composta, TEO+LOGIA (théos=Deus; lógos=estudo, discurso ou raciocínio), a teologia pode ser claramente entendida como o estudo do conjunto de conhecimentos relativos a Deus, seus atributos e sua relação com a humanidade. Simples, mas ao mesmo tempo bastante elaborado.

Contrariando a lógica comum da vaidade humana, que geralmente atribui glamour, saber exclusivo, e importância essencial àquilo em que se dedica com afinco, gosto de entender a teologia como o ato natural e quase intuitivo de pensar em Deus, qualquer que seja o entendimento primordial que o indivíduo tenha sobre quem ou o que seja Deus.

E por que defendo isso? Porque, independentemente da conclusão a que a investigação teológica possa chegar, o objeto dessa mesma investigação, no caso Deus, permanece inalterado; imutável e absoluto, invariável em sua essência e dinâmico em sua revelação, disponível para ser conhecido, embora permaneça inexplicável. E tal conhecimento pode advir tanto do esforço elucubrativo do estudioso quanto de uma abordagem intuitiva e empírica. Deus não se esconde de ninguém[4], assim como não faz qualquer acepção de pessoas[5].

Portanto, qualquer que seja a conclusão a que o pensamento sobre Deus chegue, o simples ato de pensar sobre Ele e em sua direção é, por assim dizer, teologia, uma vez que Deus foi o tema que atraiu a atenção e o esforço do pensador, seja como objeto de interesse, curiosidade ou como agente provocador da inquietação humana pelo relacionamento efetivo e perene com Ele.

Em Introdução à Teologia Evangélica[6], Karl Barth[7] faz a seguinte explanação inicial:

“O termo "teologia" parece indicar que ela, por ser uma ciência particular (e muito particular!) visaria perceber, compreender e tematizar Deus.

Mas ao termo "Deus" podem ser atribuídos os mais variados sentidos. Assim, também há muitas teologias diferentes. Não existe ser humano que, de maneira consciente, inconsciente ou subconsciente, não tenha seu Deus ou seus deuses como objeto de seu desejo e confiança mais elevados, como base de sua vinculação e compromisso mais profundos. Nesse sentido, qualquer ser humano é teólogo. E não há nem religião, nem filosofia, nem cosmovisão que - quer seja profunda, quer superficial - não se relacione com alguma divindade, interpretada e circunscrita desta ou daquela forma, e que, portanto, não seja teologia. Isto se aplica..." "também a situações nas quais se nega a existência dessa divindade; nestes casos o que acontece em termos práticos é que exatamente a dignidade e função da divindade são transferidas à "natureza", a um impulso vital inconsciente e amorfo, à "razão", ao progresso, ao ser humano de pensamento e ação progressista, ou, quiçá, a um "nada" redentor considerado destino último do ser humano. Também tais ideologias aparentemente "ateias" são teologia.”

op; pág.9, 9a. edição revisada -2007;EST, Editora Sinodal

Esse entendimento sobre o que vem a ser teologia amplia consideravelmente o número de pessoas envolvidas em sua prática, tornando o exercício teológico mais acessível e compreensível. Ele transcende os limites das instituições acadêmicas, como universidades e seminários, onde o conhecimento teológico costuma ser confinado, ensinado e comunicado apenas por especialistas designados. Como Israel Belo[8] menciona no prefácio dos volumes da coleção Teologia ao Alcance de Todos, há uma necessidade premente de oferecer interação pertinente com o contexto contemporâneo, fornecendo respostas "claras e precisas" às questões suscitadas pelo avanço científico e tecnológico. Essa é uma responsabilidade da teologia, que não pode ser laborada por poucos para quase nenhuns.

É claro, no entanto, que nem tudo são flores. O pensamento de Barth que eu particularmente igualmente defendo, não é unanimidade entre especialistas e teólogos. Há, portanto, os que não apenas divergem desse entendimento, como também há os que são diametralmente contra ele, entendendo que tão popularização da teologia, pode suscitar perigosas aberturas para distorções, heresias e mal uso da Palavra, em benefício de aproveitadores e oportunistas. Mas eu pergunto: Já não há e já não distorcem a Palavra conforme suas conveniências?

Não existe uma lista específica de teólogos que se opõem a Barth de forma unânime, mas podemos apontar algumas correntes teológicas que eventualmente apresentariam visões contrárias, enriquecendo nossa percepção mais ampla sobre o assunto. Cada uma delas pode oferecer argumentos específicos baseados em suas próprias tradições, interpretações das escrituras e preocupações teológicas. O debate me parece bem vindo.

Teologia Tradicional[9]

Essa corrente tende a enfatizar uma compreensão mais estrita da teologia como o estudo sistemático da revelação divina, muitas vezes centrada nas escrituras sagradas e na tradição da igreja. Esses teólogos podem discordar da definição ampla de teologia como "todo e qualquer pensamento sobre Deus", defendida por Barth, argumentando que tal abordagem dilui a especificidade e a autoridade da tradição teológica. É importante ressaltar que a Teologia Tradicional não é uma única abordagem uniforme, mas sim uma categoria ampla que abrange uma variedade de perspectivas teológicas dentro do Cristianismo, incluindo tradições como o Catolicismo Romano, o Protestantismo Ortodoxo e o Anglicanismo, entre outros.

Teologia Reformada[10]

Dentro desta tradição, podem surgir vozes críticas em relação a certos aspectos da teologia de Barth. Alguns teólogos reformados, por exemplo, podem discordar de sua ênfase na soberania divina e na ênfase na Palavra de Deus como a única fonte autoritativa de conhecimento teológico. Em vez disso, eles podem enfatizar a importância da confessionalidade reformada, a autoridade das confissões de fé e a necessidade de uma abordagem mais centrada na Escritura.

Teólogos contemporâneos[11]

Dentro da teologia contemporânea, há uma variedade de perspectivas e abordagens teológicas. Alguns teólogos podem discordar das ideias de Barth com base em suas próprias interpretações das escrituras, tradições teológicas ou filosofias religiosas. Suas críticas podem variar dependendo de suas próprias convicções teológicas e metodológicas.

A partir dos anos que se seguiram à Reforma Protestante, a Igreja Católica, seus oficiais e teólogos respeitados, acenaram para o perigo da universalização do esforço interpretativo do texto bíblico defendido então pelo movimento dissidente, defendendo que pessoas comuns não estariam preparadas para a função de avaliação correta das Sagradas Escrituras. A isso chamou de irresponsabilidade protestante[12], ressaltando que a tarefa querigmática[13] tanto quanto a interpretação e ensino religioso, estava confiada tão somente aos seu líderes, considerando o que chamavam de Tradição da Igreja. Olhando em retrospecto, me parece que o receio estava concentrado na possibilidade libertadora que o conhecimento bíblico poderia trazer a fiéis convenientemente conduzidos e influenciados[14]. Parece que tal receio e prática se alastrou até mesmo por denominações evangélicas ao longo dos anos.

Entender a teologia como todo e qualquer pensamento sobre Deus, no entanto, não diminui em nada sua importância acadêmica, e muito menos impede que continuemos a considerá-la como ciência, seguindo na busca por excelência na apuração e compreensão dos textos bíblicos. Muito pelo contrário. À medida que o exercício teológico se estende aos diversos núcleos e modelos de agrupamentos sociais, mais amplas se tornam suas possibilidades e demanda por critérios capazes de compreender as diferentes realidades da existência humana, enriquecendo o esforço teológico responsável que lhe oriente a tarefa primordial. O que, no final de tudo, acaba por fortalecer o empenho honesto em conhecer Deus.

Semelhante aos demais campos do conhecimento humano, sempre haverá diferentes entendimentos, abordagens, suspeitas e conclusões. Assim como temos engenheiros civis, técnicos em edificações, mestres de obras, pedreiros e auxiliares de pedreiro, todos lidando com construções em papéis e pertinências variadas e não menos necessárias ainda que exigindo diferentes graus de qualificação, a teologia continuará a produzir seus especialistas eruditos, mestres, sacerdotes, estudiosos e curiosos, cada qual na medida de sua dedicação e vocação, mas todos igualmente envolvidos pela mesma motivação primordial da fé.

Por fim, a vantagem de se ampliar a abrangência do labor teológico, é que, de sementes aleatoriamente espalhadas por pássaros, rios, ventos e outros eventuais semeadores, surgem as densas e importantes florestas. A desvantagem? Teremos que nos superar no cuidado de sua inevitável variedade de espécies e observar diligentemente a totalidade de sua biodiversidade. Precisaremos cuidar do solo, controlar pragas, podar galhos, varrer as folhas e cuidar do jardim[15]. Quem não quiser trabalho que não se ofereça ao Reino.



[1] A questão da teologia ser considerada uma ciência é objeto de debate entre os estudiosos, com diferentes opiniões sobre o assunto. Alguns defendem que a teologia pode ser considerada uma ciência legítima, enquanto outros discordam dessa caracterização. Resumimos as posições de alguns estudiosos proeminentes sobre o tema:

A favor:

·         Karl Barth: Barth via a teologia como uma ciência legítima, embora reconhecesse que ela tinha características únicas que a distinguia das ciências naturais. Ele argumentava que a teologia era uma ciência porque tinha seu objeto próprio (Deus) e empregava métodos racionais para investigá-lo.

·         Rudolf Bultmann: Bultmann defendia que a teologia era uma ciência, mas uma ciência humana, sujeita às limitações e condicionamentos da existência humana. Ele via a teologia como uma disciplina acadêmica que podia ser estudada e praticada com métodos científicos.

Contra:

·         Ludwig Feuerbach: Feuerbach foi crítico da teologia e da religião em geral. Ele argumentava que a teologia não era uma ciência verdadeira porque não se baseava em evidências empíricas ou observações objetivas, mas sim em projeções humanas de desejos e necessidades.

·         Sigmund Freud: Freud via a religião e, por extensão, a teologia, como expressões de desejos inconscientes e mecanismos de defesa psicológica. Ele considerava a teologia como uma pseudociência que não podia ser submetida ao escrutínio científico.

[2] “Deus assim procedeu para que a humanidade o buscasse e provavelmente, como que tateando, o pudesse encontrar, ainda que, de fato, não esteja distante de cada um de nós;”; Atos 17:27 - KJA

[3] Aqui três exemplos de dicionários teológicos-filosóficos que contêm explicações sobre o significado de teologia:

1.       "Dicionário Teológico Conciso" de Millard J. Erickson: Este dicionário oferece definições claras e concisas de termos teológicos importantes, incluindo uma explicação sobre o que é teologia.

2.       "Dicionário de Teologia do Novo Testamento" de Colin Brown: Esta obra fornece uma compreensão abrangente da teologia do Novo Testamento, incluindo uma definição do termo "teologia" e sua importância no contexto bíblico.

3.       "Dicionário de Teologia Evangélica" de Walter A. Elwell: Este dicionário oferece uma visão geral da teologia evangélica, incluindo definições de termos teológicos e uma explanação sobre o que constitui a teologia como disciplina acadêmica e prática religiosa.

Esses dicionários são recursos úteis para estudantes e estudiosos que desejam entender melhor o significado e o contexto da teologia.

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[4] Embora a Bíblia não contenha uma declaração explícita de que "Deus não se esconde de ninguém", há passagens que sugerem a disponibilidade de Deus para aqueles que o buscam sinceramente. Aqui estão algumas referências bíblicas pertinentes:

1.        Jeremias 29:13 (NVI): "Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração."

2.        Mateus 7:7-8 (NVI): "Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta."

3.        Deuteronômio 4:29 (NVI): "Mas, se de lá vocês buscarem o Senhor, o seu Deus, o encontrarão se o procurarem de todo o coração e de toda a alma."

Essas passagens sugerem que Deus está disponível para aqueles que o buscam sinceramente, e que Ele se revela àqueles que o procuram de coração aberto e com diligência.

[5] A afirmação de que "Deus não faz acepção de pessoas" é encontrada em várias passagens bíblicas. Aqui estão algumas delas:

1.        Atos dos Apóstolos 10:34-35 (NVI): "Então Pedro começou a falar: 'Agora percebo verdadeiramente que Deus não faz acepção de pessoas, mas aceita os que o temem e praticam a justiça, sejam de que nação forem.'"

2.        Romanos 2:11 (NVI): "Pois Deus não faz acepção de pessoas."

3.        Gálatas 3:28 (NVI): "Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus."

4.        Efésios 6:9 (NVI): "E vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o mesmo Senhor deles e de vocês está no céu, e ele não faz acepção de pessoas."

Essas passagens enfatizam a imparcialidade de Deus em relação às pessoas, destacando que Ele valoriza a fé, a justiça e a reverência independentemente da origem étnica, social ou cultural.

 

[6] Nesta obra, Karl Barth apresenta uma explanação sobre a teologia evangélica, discutindo temas fundamentais da fé cristã sob uma perspectiva teológica. É uma introdução acessível e esclarecedora aos princípios e conceitos da teologia apresentada apenas nos quatro Evangelhos.

[7] Karl Barth foi um teólogo suíço, considerado um dos mais influentes do século XX. Nasceu em 1886 e faleceu em 1968. Ele é conhecido principalmente por sua obra monumental "Igreja Dogmática" (ou "Dogmática Eclesiástica"), uma série de volumes que representam uma revisão radical da teologia reformada tradicional. Barth é frequentemente associado à teologia dialética, que enfatiza a tensão entre Deus e o ser humano, entre a revelação divina e a limitação humana.

Sua teologia enfatizava a soberania absoluta de Deus, a centralidade da revelação divina em Jesus Cristo e a natureza exclusiva da fé como resposta à Palavra de Deus. Ele também foi um crítico ferrenho do liberalismo teológico de sua época, argumentando que a teologia deveria ser baseada na autoridade das Escrituras e na revelação divina, em vez de na razão humana ou na cultura.

Barth teve uma grande influência no pensamento teológico cristão do século XX e suas obras continuam sendo objeto de estudo e debate até os dias de hoje. Ele foi professor em diversas universidades e deixou um legado significativo não apenas na teologia reformada, mas também na teologia em geral.

[8] Israel Belo é um teólogo, escritor e pastor brasileiro, conhecido por suas contribuições no campo da teologia prática e pela sua abordagem acessível aos temas teológicos. Ele é graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB) e possui mestrado em Teologia Pastoral pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo (FTBSP). Belo é autor de diversos livros, incluindo obras de teologia pastoral, espiritualidade e aconselhamento cristão. Ele também é pastor da Igreja Batista Itacuruçá, no Rio de Janeiro, onde ministra e exerce seu pastoreio. Sua influência se estende além das fronteiras denominacionais, sendo reconhecido por suas reflexões teológicas que dialogam com o contexto contemporâneo.

[9] A "Teologia Tradicional" é um termo amplo que se refere a uma abordagem teológica que valoriza a continuidade com a tradição cristã histórica, incluindo tanto os ensinamentos dos primeiros pais da igreja quanto as formulações teológicas desenvolvidas ao longo dos séculos. Esta abordagem teológica muitas vezes enfatiza a autoridade das Escrituras Sagradas, a tradição da igreja, a razão e a experiência religiosa como fontes de conhecimento teológico.

Alguns aspectos comuns da Teologia Tradicional incluem:

1.       Ênfase na ortodoxia: A Teologia Tradicional tende a defender e promover as doutrinas e ensinamentos considerados ortodoxos pela tradição cristã histórica, incluindo a Trindade, a Encarnação, a Expiação e a Ressurreição.

2.       Interpretação literal ou histórico-gramatical das Escrituras: Muitos teólogos tradicionais adotam uma abordagem hermenêutica que enfatiza a interpretação literal ou histórico-gramatical das Escrituras, buscando entender o significado original dos textos bíblicos dentro de seus contextos culturais, históricos e linguísticos.

3.       Uso de fontes complementares: Além das Escrituras, a Teologia Tradicional muitas vezes recorre a outras fontes de autoridade teológica, incluindo os escritos dos pais da igreja, os credos e confissões de fé, os concílios ecumênicos e a tradição litúrgica.

4.       Abordagem sistemática: Muitos teólogos tradicionais adotam uma abordagem sistemática para a teologia, organizando suas reflexões teológicas em torno de temas centrais, como a doutrina de Deus, a cristologia, a pneumatologia, a eclesiologia e a escatologia.

 

[10] A Teologia Reformada, também conhecida como Calvinismo, é uma tradição teológica dentro do Cristianismo Protestante que se baseia nos ensinamentos teológicos de líderes como João Calvino, Ulrico Zwinglio, Martinho Lutero e outros reformadores do século XVI. Esta tradição teológica é caracterizada por várias ênfases distintas:

1.       Sovereignia de Deus (Soberania de Deus): A Teologia Reformada enfatiza a soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas, incluindo a salvação. Isso se manifesta na doutrina da predestinação, que sustenta que Deus, em sua soberania, escolheu desde a eternidade aqueles que seriam salvos.

2.       Autoridade das Escrituras: Assim como outras tradições protestantes, a Teologia Reformada enfatiza a autoridade suprema das Escrituras Sagradas como a fonte final de autoridade em matéria de fé e prática.

3.       Doutrina da Graça Irresistível: A Teologia Reformada ensina que a graça de Deus é irresistível, o que significa que aqueles a quem Deus escolheu para a salvação não podem resistir ao chamado eficaz do Espírito Santo.

4.       Doutrina da Eleição Incondicional: A Teologia Reformada defende a doutrina da eleição incondicional, que sustenta que Deus escolheu soberanamente alguns indivíduos para a salvação, não com base em mérito humano, mas de acordo com o seu propósito soberano.

5.       Doutrina da Expiação Limitada: A Teologia Reformada ensina que a expiação de Cristo é eficaz apenas para os eleitos de Deus, aqueles que foram predestinados para a salvação. Isso contrasta com a visão arminiana de expiação universal.

6.       Ênfase na Glória de Deus: A Teologia Reformada enfatiza a glória de Deus como o objetivo final de todas as coisas, incluindo a salvação dos eleitos.

[11] A Teologia Contemporânea é uma área da teologia que se concentra nos debates, questões e desenvolvimentos teológicos que ocorreram desde meados do século XX até os dias atuais. Esta abordagem teológica reflete as preocupações, contextos e desafios enfrentados pela igreja e pela sociedade contemporânea.

Alguns aspectos que caracterizam a Teologia Contemporânea incluem:

1.       Contextualização: A Teologia Contemporânea reconhece a importância de contextualizar a mensagem teológica para diferentes contextos culturais, sociais e históricos. Isso envolve uma abordagem interdisciplinar que incorpora insights da sociologia, antropologia, ciências políticas, entre outras áreas.

2.       Diálogo Inter-religioso e Interdisciplinar: A Teologia Contemporânea promove o diálogo e o engajamento com outras tradições religiosas, bem como com outras disciplinas acadêmicas, buscando compreender e responder aos desafios do mundo contemporâneo de forma ampla e inclusiva.

3.       Questões Sociais e Políticas: Esta abordagem teológica aborda questões sociais e políticas urgentes, como justiça social, direitos humanos, desigualdade econômica, ecologia e questões de gênero. Ela busca aplicar os ensinamentos éticos e morais da fé cristã para enfrentar esses desafios.

4.       Pluralismo Teológico: A Teologia Contemporânea reconhece a diversidade de perspectivas teológicas dentro do Cristianismo e além dele. Ela valoriza a pluralidade de vozes teológicas e incentiva o diálogo e a cooperação entre diferentes tradições e abordagens teológicas.

5.       Reavaliação das Doutrinas Tradicionais: Esta abordagem teológica muitas vezes envolve uma reavaliação crítica das doutrinas tradicionais à luz das questões contemporâneas e das descobertas científicas. Isso pode incluir uma reinterpretação das Escrituras e uma nova compreensão de conceitos como salvação, expiação, trindade, entre outros.

[12] A "irresponsabilidade protestante" era o termo usado historicamente pela Igreja Católica para criticar a interpretação individual das Escrituras pelos fiéis protestantes. A Igreja argumentava que os leigos não estavam preparados para interpretar corretamente as Sagradas Escrituras e que essa prática poderia levar a interpretações distorcidas e divisões na fé cristã. Assim, defendia que apenas os líderes da igreja, como os clérigos e teólogos, deveriam ter o papel de interpretar e ensinar a religião, mantendo a tradição da igreja como autoridade final. Essa visão enfatizava a importância do controle e da autoridade centralizada na igreja institucional.

[13] A Tarefa Querigmática refere-se à proclamação do Evangelho, à pregação da mensagem central do Cristianismo, que inclui a apresentação de Jesus Cristo como Salvador e Senhor, o chamado ao arrependimento e a oferta de salvação pela graça mediante a fé. Essa tarefa é central na missão da igreja e visa a transformação espiritual e moral das pessoas, bem como o estabelecimento do Reino de Deus na Terra.

[14] É importante observar que a compreensão da história da interpretação bíblica e das relações entre catolicismo e protestantismo é complexa e multifacetada. Nuances teológicas, históricas e sociais precisam ser acrescentadas nesse debate. No entanto, deixaremos esta questão para mais adiante.

[15] Gênesis 2:15 (NVI): "O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo."

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